quarta-feira, 30 de maio de 2018

Um Jogador à Porto



Ivan Marcano não teve uma vida fácil no FC Porto. Não foi respeitado. No ano de Lopetegui, esteve muito bem, fez parte de uma das defesas menos batidas da Europa, sempre com a mesma seriedade, por vezes até macambúzia, que o caracterizou.


Por certo, por não ter um perfil expansivo como, por exemplo, o de Felipe, foi erradamente tido como frágil. Longe disso - Marcano era, isso sim, sério.

Com Peseiro foi o descalabro, porque depois da Maiconada, teve ao seu lado um miúdo, Chidozie, com tudo o que isso significou. Felizmente, com Nuno Espírito Santo foi ganhando um pouco de elan, e com Sérgio Conceição foi incentivado a ser no campo o que já era no balneário: um Capitão.

Sai Campeão, com muito mérito, e é dele o golo final que nos garantiu a pontuação máxima de sempre do FC Porto - e do futebol português, embora partilhada com os coisinhos, mas a nossa com mérito e a ser muito roubadinho.

Ficou-me na retina a sua expressão, na lateral, quando foi expulso em Munique e o seu choro emocionado no Museu do FC Porto.

És discreto, humilde e silencioso, mas para mim serás um dos jogadores de que sempre me recordarei.

Obrigado, Ivan. Roma ganhou em mim mais um adepto.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Os Voos de Ícaro

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Aparentemente, Diogo Dalot preferiu seguir para o Manchester United a ficar no FC Porto. Este bateu a cláusula e lá foi. Antes de mais, tenho uma posição bastante firme: basta ver as recentes renovações, o discurso de Sérgio Conceição, que diz que tem de ver os jogadores antes de procurar ir buscar outros, para perceber que Dalot se procurava renovar há muito. 

Mais: ninguém vende  jogadores pela cláusula. Ela é batida e o jogador, se quiser, sai. Ponto. Assim sendo, é uma enorme desilusão para mim ver que um jogador que está estampado no autocarro, que professava, ainda há 15 dias, o seu amor ao FC Porto, prefere ser suplente de Valencia a crescer, calma e sustentadamente, no FC Porto. 

São voos de Ícaro, que se vão vendo um pouco por todo o lado. Não há paciência, calma, ou sabedoria para uma maturação e crescimento sustentado. E depois, a máquina engole-os. Dalot é bom, muito bom, mas não é um produto acabado. Vai falhar e muito, poderá dar um passo maior do que a perna.

Aparentemente, não aprendeu com o seu ex-colega André Silva ou com o Renatinho. Dar um salto antes de se conseguir saltar.... é asneira da grossa. Tomara que consiga. Se se esbardalhar, que seja um exemplo para os outros.

O Reset Hipnótico


Como é suposto aceitarmos esta "contratação" sem a questionar? Casos como o do Amaral vão acontecer até quando?

"Ele está a ser contratado agoooooooooraaaaaaa...."

Claro, claro, somos todos parvos.

Isso.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A Roda Das Garantias


É notícia desta tarde que Chiquinho, jogador da Académica, assinou por cinco épocas com o fifica. Naturalmente, todos nós sorrimos. Já se sabe o que veio Chiquinho fazer. Vai ser, certamente, aí com uns, atiro, 97% de probabilidades, parte daquilo que eu chamo de Roda das Garantias, ou seja, um lote gigante de jogadores que o benfas compra com o único fito de emprestar a clubes da Liga. 

Já todos sabemos para quê. Favores, alguma qualidade, gratidão que depois se "demonstra". Não posso, nem vou, ser crítico de quem assina a entrada nesta roda. São os ganhos maiores, ordenados pagos mais ou menos a horas, garantia de uma certa estabilidade na carreira. É indigno, é esclavagista, mas deveria ser preocupação de regras apertadas da Federação e Liga. Não sendo, só espero que a função deste coitado - entre muitos, muitos outros - não seja entrar num minuto 91 qualquer para fazer um penalti ao 92 ou 93. 

Tudo isto é lamentável. Mas há quem queira melhorar a sua qualidade e há quem queira ganhar seja como for. Não aprenderam, indubitavelmente, nada este ano. Vícios difíceis de ultrapassar. Ou nem tentados de todo.

Já no nosso lado, continuam as boas notícias com a renovação do médio Bruno Costa até 2022. Prata da casa, para dar profundidade e crescimento na casa. Parabéns. E bons sinais de muita cabeça.

domingo, 27 de maio de 2018

O Polvo Não É Só No Relvado


O Basket (desculpem, chamo-lhe assim) do FC Porto tem um orçamento menor que o dos fificos. Bem menor, aliás. No entanto, neste caso como no futebol, quando o FC Porto está quase a fazer uma série de 2-0, em território inimigo, lá se inclina o campo da mesma forma.

A partir do segundo período, a arbitragem começou numa pouca vergonha que ajudou decisivamente a que se passasse de 12 pontos de vantagem a chegar a perder por 5.

O problema é que, ainda assim, os pupilos de Moncho López conseguiram reagir. Nas últimas posses de bola, a 2 pontos dos nossos amigos, aconteceu isto. 

Assim, não é possível. Está na hora de arrumar, também, com este Polvo.

Agradecimentos ao Tribunal das Antas, que fizeram o vídeo.

Um Blog Dinâmico e o Soninho do Fabinho


A partir de hoje, e porque a SportTV e a TVI me cortaram a página de Facebook, decidi passar a coordenar os posts do blog com os do Twiiter. Assim, e começando já com o soninho do Fabinho, abro a caixa de comentários do blog a quem não gosta do Twiiter. Vou ter vários posts ao longo do dia, e assim tiro o separador de Twiiter ali do lado. 

Obrigado pelo interesse

O Fabinho diz que fica mais tranquilo depois de reverter decisões. Pois é, Fabinho, já sabemos como o teu coração aguenta, aguenta, aguentaaa muito melhor, não é verdade?

É um quentinho grande, dá um muito melhor soninho, não é?

domingo, 13 de maio de 2018

Sonhos (Im)possíveis e Os Patinhos Feios


Confesso, comovi-me ontem, nas longas horas de emissão do Porto Canal a seguir ao jogo que nos consagrou como Campeões indiscutíveis. A equipa de Sérgio Conceição chegou aos 88 pontos - o máximo histórico do Clube - e igualando a pontuação aldrabada dos coisinhos. Ficam sempre sensações agridoces, quando a prenda deste máximo histórico é dada por um dos antigos "patinhos feios" do plantel, que toda a gente percebeu, tarde demais, ser importantíssimo nesta equipa.

Ivan Marcano é dos meus jogadores preferidos do plantel. Classe, elegância, discrição, está lá, ninguém dá por ele, mas é um esteio defensivo. Caiu-me uma lágrima no golo de Marcano. Sim, porque nunca mais me vou esquecer que, naquele fatídico dia em Munique, Ivan não foi para o balneário. Foi expulso, quando esmagado, mas esteve com os seus companheiros, vendo, de lado, sempre discreto, aquela hecatombe. 

Engraçado, não é? Tanto campeão nacional indiscutível ali, a ser maltratado, assobiado, gozado e humilhado. Fabiano - cujas lágrimas me sensibilizaram - e que era dono de uma defesa imbatida durante mais de 20 jogos em casa, Diego Reyes, um tal de Ricardo Pereira e aquela "porcaria que só se queria despachar" chamada Héctor Herrera

De facto, já Pete Seeger cantava: "To everything, Turn turn turn, There is a season, Turn turn turn, And a time to every purpose under Heaven". Ivan Marcano irá embora - tenho no meu coração uma esperança parva de que fique -  porque esse comboio passou, o do reconhecimento a seu tempo

Não vale a pena chorar sobre leite derramado. Que Ivan seja a tatuagem, a marca da cicatriz de corte fundo, que nos relembre que, como está aqui ao lado desde o início deste blogue, é essencial que se saiba que ENQUANTO SE CANTA, NÃO SE ASSOBIA.

Parece anacrónico, verdade? Com os Aliados com mais de 250 mil, aclamação mais do que merecida, festa pública, Mar Azul, falar disto?

Sim. Por mim, Marcano ficava aqui até ao fim da carreira. Como sub-Capitão, ao lado do seu companheiro Xerife. Porque jogadores elegantes, inteligentes, cheios de classe e humildade, não andam aí aos pontapés. E Ivan Marcano vale cada cêntimo que se pagasse por ele. Pena ter sido, talvez, demasiado tarde.

Talvez eu tenha um sonho (im)possível.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O enterro do minuto 92

Tendo nascido em 1986, não tendo como tal passado pela origem do FCPorto como hoje o conhecemos, pelas mãos do Mestre Pedroto e do Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, não tenho qualquer problema em considerar que este titulo foi o mais saboroso que já experienciei como adepto.

Assistia ao pré-match do jogo da consagração no Porto Canal quando o Rui Cerqueira falava da forma como este titulo estava a ser celebrado, confessando que tinha sentido em anos anteriores que havia "fadiga" de tanta celebração entre os adeptos, duma forma generalizada. Recuei ao ano de 2013 e recordo-me que, pese embora a magia indescritível do golo do Kelvin, é verdade que a celebração do titulo em si não foi de arromba, que o treinador de então nem era sequer um bem-amado, e que foi muito mais engraçado olhar para o lado e gozar com "a cabeça do lampião que continua(va) a inchar" . De certa forma isso será algo normal, haver uma certa acomodação face à fartura. Qualquer treinador serviria para dar continuidade ao trabalho da estrutura, não era? Polvos à parte, o que se seguiu provou-nos que o auto-convencimento pode ter resultados trágicos a médio/longo prazo.

Partimos para esta temporada com muitas duvidas, muita incerteza quanto à capacidade dum plantel constituído maioritariamente por jogadores que não conheciam o sabor da vitoria com as nossas cores, que pareciam terminar cada época a ter medo da própria sombra, um treinador com um currículo pobre em títulos e experiência de clubes grandes (e com um histórico de relações conflituosas em quase todos os clubes que treinou), um clube intervencionado financeiramente pela UEFA após anos de fugas para a frente, desinvestimento, plantel desequilibrado, venda das joias da coroa, etc, etc.

Fui o primeiro a torcer o nariz à escolha de Sérgio Conceição como homem do leme, antecipando nova época desastrosa, como é alias apanágio da minha doentia incapacidade cronica para ter algum optimismo. E este meu pessimismo imbecil teimou em não partir, e voltou ao de cima em força após a derrota copiosa com o Liverpool, o empate em Moreira de Cónegos e especialmente após as derrotas em Paços e Belém. É para mim importante partilha-lo: eu fui o primeiro a não acreditar e a atirar a toalha ao chão. E então este título deve ser sobretudo bem esfregado nas fuças deste idiota que vos escreve, não porque tenha duvidado (isso parece-me perfeitamente normal), mas por ter repetidamente atirado a toalha ao chão, prevendo hecatombes bíblicas a cada percalço dos nossos rapazes.

Partilho agora convosco uma pequena história, carregada de simbolismo para mim. No dia 14 de Abril à noite, estava aqui este imbecil com insónias, filho e mulher a dormir serenamente, porque na cabeça não paravam de passar imagens duma derrota ou empate comprometedores no dia seguinte na Luz. Até que ainda meio atordoado ouço a minha mulher gravidérrima dizer-me "Z, rebentaram as aguas e estou com contracções". De manhã, a família passou a ser de 4; mais um rapaz, mais um dragão no Mundo. Não é agora a parte em que vos digo que isso me encheu de esperança para o clássico na Luz, porque nada se alterou. Mas devo confessar-vos que mal tive certeza de que a bola do Herrera tinha batido na rede, se apoderou de mim a confiança que aqueles desgraçados andaram a carregar durante toda a época, de que desta vez não ia haver coisíssima nenhuma que nos impedisse de sermos felizes de novo. Vale o que vale, mas conseguem imaginar a historia que vou ter para contar ao meu mais novo quando ele me perguntar quem é aquele feioso cujo poster está no quarto do Pai, numero 16 nas costas e braçadeira de capitão?

Este título é, acima de tudo, de Sérgio Conceição, e espero que isso fique bem claro na cabeça de todos. Não estou de acordo quando se diz que ele herdou uma equipa de tostões: isso é factualmente falso. Herdou sim uma equipa despedaçada moralmente, e seguramente com menos opções validas (teoricamente) do que os rivais. Ao treinador foi pedido, não que montasse uma equipa recheada de jogadores desconhecidos vindos directamente de equipas pequenas (como em /2002/2003), mas sim que pegasse num grupo de jogadores que já levavam 3 ou 4 anos de Porto sem um único motivo de celebração, aproveitamento de jogadores emprestados com qualidade (como Ricardo e Aboubakar), e proscritos (Marega, Reyes ou Hernâni), e deles fazer um grupo com estofo de campeão. Reparem, que quando digo que a qualidade global da equipa não era tão ma como quiseram fazer parecer (basta para isso comparar posição por posição os nossos jogadores com os dos principais rivais), isso não invalida que a nível de opções não tenha sido um plantel curto. Relembro que a dada altura, tínhamos apenas dois laterais, sendo que um deles tem ainda idade de júnior, que ficamos sem Danilo uma boa parte da segunda metade do campeonato, sem Aboubakar, Soares, Marega, Ricardo, Telles, Marcano, Corona em determinadas alturas, e sempre houve soluções, sem me lembrar de haver uma queixa por parte de Sérgio. O grande mérito de Sérgio foi a injecção duma crença sem limites nos jogadores, a construção dum grupo solido, blindado, em que todos foram sempre tratados de igual forma, um grupo que soube a cada momento perceber e proteger as suas fraquezas e que potenciou ao máximo as suas forças. Um modelo de jogo que, embora não consensual (pessoalmente não é o meu preferido), foi reduzindo adversários a pó e criou um dos ataques mais concretizadores da historia do clube.  É também a Sérgio que devemos a simbiose perfeita que uniu jogadores e adeptos desde o primeiro dia, união essa personificada na roda do final de cada jogo. Sérgio trouxe a um grupo derrotado, vergado a 4 épocas a seco, uma injecção de adrenalina, confiança, estofo, liderança, que fazem dele o grande obreiro por detrás deste titulo, e fez com que pela primeira vez em muitos anos volte a haver unanimidade quanto à continuidade dum treinador no clube.

É igualmente um título dos jogadores, de todos os jogadores, da sua solidariedade, dum espírito de dragão há muito arredado das nossas bandas. Dum grupo que se fortaleceu a cada Santa Maria da Feira ou Vila das Aves, que soube ir buscar forças depois de Paços e fundamentalmente Belém; um conjunto que não esmoreceu mesmo quando estávamos atrás e tivemos de ir a Luz buscar este campeonato, mesmo que idiotas como eu o dessem como perdido. Dos heróis prováveis, como Brahimi ou Casillas, aos improváveis Marega e Herrera. Um conjunto que depois de tantas temporadas amargas, de "bateres no fundo" consecutivos, trabalhou muito mais do que qualquer outro para ser feliz. A todos eles a minha vénia. Todos.

Finalmente, é um titulo dos adeptos. Dos que conseguiram estar sempre lá e dos que tiveram de acompanhar à distância; de quem sofreu 4 anos de péssimas escolhas e falta de organização; de quem esteve lá naquelas noites frias de empates com Rios Aves, Boavistas, derrotas com Benficas, Sportings e Tondelas; de quem esteve no Jamor naquela injusta derrota na final da Taça. Para quem passou por Paulo Fonseca, Lopetegui e NES. Para quem passou por palminhas, "mucha ilusión" e um treinador sem alma. Derrotas e empates humilhantes e um Dragão despido e sem chama. Para quem sempre acreditou e para quem tombou ao primeiro murro. Para as noites mal dormidas, e as imagens repetidas até à exaustão das festas dos rivais. Desde o inicio desta época que dissemos ao que vinhamos, os adeptos: queriamos o Porto campeao. E foi assim em todo o lado: no Dragão, no Mónaco (único jogo que pude presenciar ao vivo e a cores), mas principalmente em Liverpool, em Belém e na partida para a Luz. Não um mar, mas uma muralha azul, sempre a proteger os jogadores, a levá-los em ombros até à meta.

Para mim este título marca também (e duma vez por todas) o adeus ao minuto 92 do Kelvin. Esse momento é agora uma doce recordação do passado, um momento maravilhoso que marcou o fim dum ciclo. Os 4 anos que se seguiram foram uma amostra do amolecimento, descompressão, baixar da guarda que a arrogância pode gerar. Um banho de humildade de que, sejamos honestos, todos estávamos a necessitar. Que nunca mais julguemos ser possível conquistar títulos sem trabalho, sem competência. Que nunca mais um titulo deixe de ser celebrado com a força, comunhão, garra com que este foi celebrado. 

Que o futuro esteja a ser preparado desde há meses. Que se blinde quem tem de se blindar sem entrar em loucuras. Que não se pense que poderemos alguma vez voltar às más decisões dum passado recente. Se a torneira tiver de se manter fechada, mantendo assim a viabilidade do nosso clube, que assim seja. 

E pelo amor da santa, havendo algo prioritário, que isso seja manter Sérgio Conceição ao leme do nosso navio.

Agosto está aí à porta e há uma Supertaça para ganhar.

Um abraço a todos, de terras do Sul de França,

Z



P.S.: treinem os filhas das putas dos penalties!!!! PORRA! 









segunda-feira, 7 de maio de 2018

A Transcendência do Dragão.


É um lugar comum falar-se da alegria e da felicidade que se sente com este título. Também o é, falar-se da sensação de libertação de um jugo opressor. Creio que foi transversal a todos os posts e artigos de gente Portista. Mas sinto que houve algo de transcendente, ontem. Fomos mais longe, quebramos uma barreira, que não é a do Som ou da Luz. Creio que foi a do Tempo.

Não sei a que minuto. Era capaz de apostar que tinha sido no soberbo golo de Brahimi, mas não posso ter a certeza. Creio que o tempo parou. Por momentos, detive-me a contemplar o verde sobre azul e branco das bancadas, o pôr do Sol a carmim, a linha do horizonte.

Não estava mais ali. Estava só comunhão, energia daquela família - porque o é, e quem não o sabe nunca compreenderá o segredo da poção mágica do Futebol Clube do Porto - simbiose com os adeptos, que todos eles jogavam, quase sem jogar. Não havia tensão ou ansiedade, apenas alegria.

No dia de ontem, ninguém se aborreceu com arbitragem nem com o golo. Vibramos com cada jogador, chamamos por eles. Houve momentos de consagração de seres especiais - Iker Casillas e principalmente, o obreiro de tudo isto, Sérgio Conceição - mas também um momento de rara beleza, apenas possível na pureza de quem vive a emoção a flor da pele: a redenção e a justíssima homenagem a dois patinhos feios, indubitavelmente, no meu entender, as figuras da época: Héctor Herrera, Capitão por mérito e direito, e o inevitável Moussa Marega. Disse à minha excelente companhia neste dia sublime de celebração, o grande Miguel Lima, que ninguém o diria há dois anos. Caramba, ninguém o diria no ano passado! 

Sérgio Conceição é dono e senhor deste título. Foi ele que fez a Alquimia da transformação de uma trupe de rejeitados e enjeitados numa equipa plena de Raça e de Fúria vencedora, munindo-lhes da noção verdadeira e exacta do que enfrentavam, de quanto este título era muito mais do que ganhar um campeonato, daquilo que teríam de destruir. Isto, entre-cortado com a exigência quase abusiva de quem abusa também de si mesmo, de quem exige os impossíveis, procurando a excelência. Daí a sublimação de praticamente todo o plantel. Esse, outro segredo.

Foi por isso, também, entre gargalhadas, que assisti divertido à indignação daqueles que o Lápis Azul e Branco apelidou, justamente, de sem-vergonha, pelo acto simbólico da destruição do Polvo por parte de Gonçalo Paciência. Não está, Gonçalinho, ainda falta um bom bocado. Mas esta Fúria da Pelúcia é tão patética quanto hipócrita e desavergonhada, vinda daqueles que protegem, no seu seio, quem faz cânticos orgulhando-se de assassinatos de adeptos rivais, de quem anda à pancada com outros adeptos e polícia, de quem goza e humilha jogadoras adversárias a necessitar de assistência médica urgente. Desavergonhados abusivos, demonstradamente com um mau perder estúpido, incapazes de aceitar o mérito em outrem, capazes de qualquer expediente, que hipocritamente criticam nos adversários, para chegar aos seus fins.

A esses eu pergunto: afinal, identificam-se com o Polvo? O que acham que quer este acto dizer? Morte ao benfas? Não. Queremos a destruição, isso sim, de poderes controladores de tudo o que é influência. Queremos campeonatos justos, jogados dentro das quatro linhas, com arbitragens isentas. E é isso que o Polvo, e quem detém o seu ceptro, simbolizam. Ficaram indignados porquê? Admitem alguma coisa?

E quanto ao cântico do Penta Ciao, analisemos. "Chora o Vitória". Não chora? O que foi aquela conferência de imprensa? Depois de Rúben Dias ter feito o que fez? É para rir, certo? "Chora o Vieira". Não chora? "Campeonato sujo" quando está a ser investigado em todos os jogos do tetra-campeonato? Não há o mínimo de decoro? Não, não há." E o penta ciao". Pois, pois é, o penta ciao. Foi mesmo. 

E foi, pela mão daqueles que não se reforçaram, que não compraram camiões de jogadores para emprestar a tudo o que é adversário, que não exercem opções de compra sobre plantéis inteiros. E ciao, porque já se falava em hexas. Em hexas! No íncio do ano.

Como diz um belo ditado Zen, "quem quer abraçar o Mundo, acaba de braços cruzados". Pois descruzem-nos e tentem ganhar justamente. Fica aqui o desafio.

domingo, 6 de maio de 2018

FC Porto - Campeão Nacional 2017/ 2018


Duro, difícil, intenso, mas inteiramente merecido. E contra tudo e contra todos. Contra os padres e o status quo. Parabéns a todos. Estamos todos de parabéns. Celebrar amanhã! Com uma vitória! Amanhã falamos :) Boa noite CAMPEÕES!