sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ganhar Contra Cacetebol

No começo do ciclo difícil de jogos que por aí vem, era importante entrar com um FC Porto à Porto para levar de vencida um dos jogos mais complicados do ciclo. Temos uma história de rivalidade com o Vitória de Guimarães, a quem ninguém no seu perfeito juízo pode acusar de "levar o autocarro". Ainda assim, na primeira parte Fabiano foi um mero espectador de uns 45 minutos em que só deu Porto. Infelizmente ontem Jackson não teve a eficácia e premência que normalmente costuma ter, mas felizmente temos de volta o pequeno argelino que conseguiu atribuir a vitória ao vencedor justo. Esta primeira parte termina num bom pendor sufocante depois de inúmeras situações de golo, mas com um Casemiro em sérias dificuldades, Casemiro este que foi uma vítima de tudo o que é agressão karateca. Em suma, uma primeira parte unida, sólida, em que se viu que os jogadores estavam conscientes daquilo que tinham de fazer: ganhar o jogo. 

Na segunda parte, uma entrada frouxa e perdulária demonstrou, lamentavelmente, que essa garra ficou no balneário. Excepção feita a um Casemiro resistente que jogou futebol mas recebeu cacetebol, um Óliver que não sabe jogar mal, um Quaresma com muita garra mas com pouca velocidade e uns centrais muito competentes, toda a restante equipa pareceu retornar sem pilhas, fazendo-nos regressar a tempos antigos, em que o FC Porto se contentava com um mero 1-0. Felizmente não é essa a identidade do FC Porto de Julen Lopetegui, e este tipo de atitude só não se estranha se pensarmos que quarta feira há jogo da Champions League, uns quartos de final onde se adivinha um FC Porto muito mais concentrado. Ou então terá sido da medicação por 6 jogadores terem estado, segundo Lopetegui, febris, que os deixou num estado alterado de consciência. Também de realçar um estranho caso de um Vitória de Guimarães reaparecido, agressivo e forte, ainda assim sem ter tirado o sono a Fabiano, com muito poucos remates e sem ocasiões claras de golo. Ainda assim estranho como estamos moles com uns e muito fortes com outros, não é verdade rapazes? Um caso para as tuas "petites grey cells", mon ami. 

Uma vez mais, o meu muito obrigado ao casal Dragão de Ouro, João Santos e Ana Neves, pelo prazer da companhia e do inquestionável Portismo. E claro, o meu muito obrigado também ao grande Vila Pouca pela sempre enorme sabedoria - essa sim, verdadeira, não como a de certos chiclas - num pré-match que muito me honra. Assim, vir ao Dragão ainda é melhor! Icing on the cake.


GOLOS

Brahimi até ao golo - É muito bom ver Yacine Brahimi ao vivo. A forma como finta, como consegue os espaços, como arranja velocidade para ir buscar bolas que parecem estar perdidas, sem ser um velocista, é um absoluto deleite para quem o vê de perto. Como fome de bola, vontade e garra, notava-se que queria uma desforra da injustiça vimaranense. Ainda que mais egoísta do que no jogo anterior - sinal que não gostei - soube sempre correr e nenhum adversário o assustou. Depois do golo, parece que achou que o seu objectivo fora cumprido, Lopetegui não gostou e, muito bem, tirou-o.

Marcano - Seguro, determinado, interventivo sem ser faltoso, entende-se muito bem com Maicon e isso nota-se. Desde que assumiu a titularidade, a baliza está inviolada e isso é um fraco sinal para Indi que, ainda assim, faria melhor parelha com Marcano, se um dos dois fosse destro. Um grande jogo do central que, além de tudo o mais, tem uma excelente saída de bola. 

Óliver - Um génio com a bola. Incansável sem ela. Óliver a ser Óliver. Imprescindível.

Casemiro - Cada vez mais trinco, sofreu com o cacetebol que levou mas soube fechar os espaços, fazer dobras e cortar o ataque vimaranense. Chegou atrasado a uma ou outra bola, mas estou certo que seria muito mais pelo desgaste do martírio que sofreu do que qualquer outra coisa.

Quaresma - Que bom é ver que Lopetegui está a entender-se cada vez melhor com RQ7. E como se nota isso em Quaresma! Vai progressivamente eliminando o que tinha de pior - a irascibilidade e egoismo - e potenciando o que tem de melhor - a garra, a luta, a solidariedade, um sentimento de ser mesmo Portista. Assume bem a indubitável titularidade com todo o mérito e, se já não tem a velocidade de outrora, está a começar a demonstrar que tem muito para dar à equipa em espaços mais interiores e em condução de jogo. Bravo!

Lopetegui - O mais inconformado de todos os Dragões, Lopetegui era um homem furioso na segunda parte. Tenho a impressão clara que estava capaz de calçar ele as chuteiras e distribuir (ainda mais) lenha aos seus jogadores para eles acordarem. Adorei a forma como ele festejou a vitória, adorei a ainda mais a forma como ele, ao dizer a Herrera - um jogo subpar - que se mexesse e este a responder para ele ter calma, o substitui de imediato. Também com Brahimi, quando este faz (mais um) atraso assassino que dá um contra-ataque do Guimarães. E como a sua mão voou a chamar Rúben e Tello, como que dizer, "chega desta merda"! Também, claro, referir a forma absolutamente irrepreensível como reagiu à enésima conferência de imprensa com perguntas idiotas. Um Mister à Porto.

FALTAS

Nuno Almeida y sus muchachos - Critérios diferenciados, faltas inexistentes, amarelos cirúrgicos (perguntar a Lopetegui se queria o Alex Sandro amarelado aos 28 minutos é de mestre) e aquele lance inenarrável de Cafú em Casemiro ("Amarelo ou vermelho"? "Amarelo" - ouvi eu na conversa entre árbitro e bandeirinha, mostrando bem quem é que o Dumbo tem na mão) dizem muito do quanto nos tentaram derrubar. Temos pena, já sabemos que jogamos contra 14. E, já agora, obrigado por isso, ein? Reacenderam um público adormecido! A nós, nada nos alimenta mais do que a injustiça.

Cacetebol - Para um Guimarães tão fofinho na Luz... ah espera, nem consigo acabar esta frase! Desde sempre se chamava ao Guimarães o "benfas B". E sabendo que Rui Vitória será, muito provavelmente, o próximo treinador benfas, ainda mais se vê a passadeira que se estendeu. Connosco, um festival de sarrafada consentida pelo árbitro mostrou bem como se defende em Guimarães - partindo pernas. Uma vergonha.

OK pronto já está redux - Mais uma vez, pica-se o ponto... hora do Vitinho. Mesmo tendo de ganhar todos os jogos. Mesmo tendo pela frente um classificado na tabela da parte superior. Mesmo sabendo que o resultado era escasso. Mas não é culpa de Lopetegui. Já existe há que tempos no FC Porto. Tem é de acabar. Já.

Herrera - Desconcentrado, trapalhão, amorfo na segunda parte, o pior dos Portistas na mesma. Contrariar o treinador mostrou-lhe o caminho do banco. É, Hector, aqui não há insubstituíveis.

2 comentários:

  1. Uma equipa que joga como jogámos na primeira-parte, não pode ir para o intervalo a ganhar apenas pela diferença mínima. Falta aquilo que Bobby Robson chamava de killer instinct. Uma equipa que é melhor, para evitar certos dissabores, tem de ser capaz de rapidamente perceber o que tinha mudado, adaptar-se e reagir, mesmo com os mesmos jogadores. Aí, falta o patrão, o que pede a bola, tem a bola, marca o ritmo, arrefece o jogo, organiza, evita que no período difícil possam surgir danos e o que depois levanta a equipa, volta a colocá-la nos eixos.

    Abraço

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    1. Sem dúvida. Muito trabalho para o Mister no balneário. Foi um ataque de nervos os últimos 15 minutos! Mas, lá está, mais um guarda redes que defendeu tudo o que podia... Mas o Jackson não estava bem, e aquela decisão no 3vs2 merecia uma chapada. Lopetegui vai ter de insistir no critério da decisão final.

      Abraço.

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