domingo, 7 de dezembro de 2014

A Insanidade de Exigir O Impossível


O caríssimo leitor (ou a caríssima leitora) que me desculpe, mas não consigo deixar passar mais tempo sobre isto. É necessário falar-se sobre esta vergonha. Quero dizer, categoricamente, que a minha indignação aumentou ainda mais depois de ver o magnífico jogo que fizemos ontem - análise aqui - e, dessa forma, tenho de falar de coisas que me parecem absolutamente essencial. 

Parece-me absolutamente essencial afirmar peremptoriamente que Lopetegui é o meu treinador, um treinador que conseguiu reconstruir uma equipa de cinzas, galvanizá-la, potenciá-la, melhorá-la directamente em qualidade e dar uma noção de ensemble, de osmose e de alegria entre os jogadores que chega quase a ser comovente. Tudo, mas absolutamente tudo isto é da responsabilidade directa de Lopetegui. Relembremos onde estavamos em Maio. Estávamos destruídos, pulverizados. Jogávamos de uma forma ridícula, sem fio condutor, sem união, sem ânimo, sem vontade. Acabamos o ano em terceiro lugar, a pouquíssimos pontos do Estoril. Não acredito que, nesse final de campeonato, houvesse um só Portista que acreditasse noutra coisa que o Play-Off da Champions League seria um massacre, e que voltaríamos a casa com a sensação agridoce de "hey, pelo menos tentamos".

Pinto da Costa foi buscar Lopetegui, que veio cheio de ideias inovadoras e foi criticado pela sua inexperiência, foi gozado por causa da torre no campo de treinos (embora o seu modelo já esteja a ser, a esta altura, imitado nas melhores equipas), e criticado pela sua "armada espanhola". Tinha ido buscar jogadores caros, desconhecidos, e espanhóis. Aqui d'El Rey, era a invasão. Pinto da Costa está louco. Este tipo descaracterizou-nos, tirou-nos a identidade. Vamos ser o Futbol Club Del Oporto. E por aí em diante. 


O que aconteceu? Passamos o Play-Off de uma forma absolutamente exemplar. Mas agora é que vão ser elas. Pelo menos chegamos à fase de grupos. Nada disso. Poucos meses depois de chegar, com 16 jogadores novos, goleamos um adversário, jogamos magistralmente, ganhamos, até agora, 13 pontos em 15, e os dois que perdemos foram por erros nossos. Mas o grupo era fácil, claro. Classificamo-nos em primeiro lugar, uma jornada antes do fim. Uma equipa nova, com jogadores novos, e um sistema novo.

Temos uma equipa, 4 meses volvidos do início do campeonato, coesa, organizada e entrosada, galvanizada e a jogar para o colectivo. Temos jogadores premiados, outros cobiçados já em Janeiro, exibições de categoria constante. Mas o problema está aqui. No campeonato nacional, a vergonha assola e ensombra aquilo que deveria ser, por legítimo direito, a nossa liderança. Jogamos infinitamente melhor que qualquer outra equipa, inclusivé os nossos rivais. Mas estamos a jogar um poker onde se permite que o adversário tenha 6, oito ases, jogue com dois baralhos, o que seja. É são exigir um campeonato onde os adversários do "escolhido" são espoliados de jogadores e onde ainda inventam um penalty só para confirmar. 

Diga-se que tem sido prática corrente, em todos os jogos, haver inclinação. Mas ontem passou-se todos os limites. Não só o Belenenses não pode jogar com os seus melhores jogadores, como ainda vimos o Mestre da Táctica ter a lata de vir falar de que se devia regulamentar melhor a situação dos jogadores emprestados! Caro senhor Jesus, Miguel Rosa e Deyverson não são emprestados pela sua equipa! São ex-jogadores! Claro que, nesse sentido, espoliado de ataque, o Belenenses fez a única coisa que podia fazer...defendeu. Confrangedor como se consegue fazer isto sem que haja vergonha na cara. Tudo isto com a complacência e conivência da Comunicação Social, que convenientemente, ignorou. Nem o facto de Miguel Rosa e Deyverson terem estado na bancada da Luz motivou nenhum tipo de estranheza.


Não é possível, caros Portistas, exigir mais ao nosso treinador. Só não perco as esperanças já porque para a semana temos uma oportunidade de demonstrar ao benfas a sua pequenez, em nossa casa. Mas, perante a passividade incompreensível da Estrutura, não conto com outra coisa que não um campo inclinado a favor de quem tem sido trapaceiro.

E assim sendo, não se pode, em consciência, exigir que se ganhem jogos contra trapaceiros. Nem campeonatos contra batoteiros. Exijo sim que o FC Porto seja aquilo que está a ser - a melhor equipa do campeonato. E, se chegarmos bem longe na Champions League, saberemos também que a assimetria entre as competições se tornará mais evidente e que só alguém sem o mínimo bom senso poderá culpar treinador e jogadores disso.

Já agora, em nota de rodapé, Jackson Martinez não disse que queria ir embora, embora todos saibamos que vai. Como diz Alex F, do Azul ao Sul, Jackson só disse que quer continuar a melhorar. E pode ser visto e lido aqui. Se o Record quiser um tradutor de espanhol, eu ofereço-me. Parece ser difícil compreender.

6 comentários:

  1. É isso mesmo, não podemos deixar esquecer a pouca vergonha que aconteceu com Miguel Rosa e Deyverson. Se fossemos nós tinham caído e continuavam a cair críticas e mais críticas, como foram os mesmos de sempre... OMO lava mais branco. Mas eu não me vou calar.

    Abraço

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  2. Caro Jorge,

    Uma boa vitória do FC Porto com uma grande exibição na primeira parte e o 3ºgolo logo no início da segunda a permitir gerir o resto do jogo sem sobressaltos.

    Logo à noite, vou quebrar a regra que impus a mim próprio e ver os programas desportivos habituais, curioso para ver se e como será tratado, o caso dos jogadores do Belenenses impedidos de jogar contra o SLB

    Abraço e...

    FC PORTO SEMPRE.

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  3. Caro Fernando,

    Caso não possa, saiba que amanhã vou escrever um post sobre isso.

    Um grande abraço!

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  4. Eu que deixei de ver os paineleiros, com exceção do PML estou curioso para ver o que vai dizer o Carlinhos logo há noite, em relação aos jogadores do Belenenses que se jogassem, iam jogar condicionados? Um abraço.

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  5. Caro Portista em Lisboa,

    Hoje será a vez do Capitão Rodolfo chegar para um ratazana Santos, Manuel Fernandes e Simões e para vermos para que lado pende o Oliveira com os Goberns e Oliveira e Costas desta vida.

    Amanhã é ver se o Serrão está menos circense para aguentar com a politiquice do Seara e a inveja do Cutty Sark. O Carlinhos é só na terça. Eu, o Dia Seguinte, não consigo ver, é demais para a minha paciência.

    Abraço!

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